Sobre

Fundada em 12 de outubro de 1960, a cidade do Gama abrigou,
inicialmente, candangos que trabalharam na construção de
Brasília e, em seguida, famílias que moravam às margens do
Lago Paranoá, a partir de 1966. Meu pai, um desses candangos,
chegou na região em 1957, originário do Rio de Janeiro, e, já na
década de 1960, conheceu minha mãe, proveniente da Paraíba.
Nasci em 1967 numa região aprazível do Cerrado gamense.
Quando eu era criança, tudo ali era mato. E mesmo sendo o
primeiro polo habitacional onde Juscelino Kubitschek pisou,
somente após 1989 tornou-se Região Administrativa do Distrito
Federal, com cinco e posteriormente com nove setores: Leste,
Central, Industrial, Norte, Oeste, Sul, Cidade Nova (Vila DVO),
Ponte Alta Sul e Ponte Alta Norte.
O Gama foi projetado para a instalação de indústrias, mas, aos
poucos, tornou-se setor de moradia, com comércio, shopping
inaugurado em 1997, escolas e instituições de ensino superior,
proporcionando mais qualidade de vida aos habitantes.
Transformações que estimularam a prática de lazer na natureza,
em cachoeiras, córregos, chácaras, hotéis-fazenda, pesque
pague e em parques. Em seguida, vieram o estádio Bezerrão,
construído em 1977; os bares, lanchonetes, restaurantes,
cinemas e o florescimento cultural.
Foram inaugurados dois cinemas: o Cine Amazonas, no Setor
Oeste, que não sobreviveu e deu lugar a um centro comercial de
oficinas e de igreja; e o Cine Itapuã, no Setor Leste, espaço de
visibilidade, palco de uma juventude efervescente, ávida para
mostrar a sua arte, seja a música, a pintura, o teatro, a literatura
ou o audiovisual. O Cine Itapuã era um de meus lugares favoritos,
onde frequentei em minha infância e adolescência. Hoje, carente
de reformas, o emblemático cinema está fechado desde 2005,
mas os artistas lutam e têm esperança que seja reativado e volte
a ser o centro artístico da cidade como foi no passado.
Este catálogo “A imagem audiovisual e cultural do Gama”
registra um pouco dessa história e busca fortalecer a identidade
de uma comunidade que cresceu junto com Brasília, reunindo
nomes que se destacam na cena artística do Distrito Federal.
Recuperamos fotografias e imagens significativas, muitas delas
disponíveis no arquivo da Assessoria de Comunicação da
Administração do Gama (Ascom). Buscamos também outros
registros sob a guarda da população mediante chamamento
público. Vários moradores doaram espontaneamente seus
acervos fotográficos relativos às atividades culturais.
Este projeto, financiado inteiramente com recursos do FAC –
Fundo de Apoio à Cultura do Governo do Distrito Federal, trouxe
como desdobramento a criação do Museu Virtual do Gama,
ambiente que facilitará o processo contínuo de pesquisa e, por
consequência, irá fomentar a produção de novos catálogos de
conteúdos históricos, fotográficos e poéticos sobre a cidade.

João Breyer Jr.
Idealizador e organizador